Encontros virtuais tem como objetivo fazer com que mulheres que já estiveram em privação de liberdade compreendam a punição por meio de suas trajetórias
Por Equipe Curso Liberta
Professores e alunos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do ABC lançam, nesta terça-feira (20), o curso “Educação transforma, liberta e emancipa vidas” para mulheres egressas do sistema prisional. As aulas, programadas para ocorrer entre os dias 17 de julho a 13 de novembro, tem como objetivo abordar temas relacionados a gênero, classe, raça e punição a mulheres que passaram pelo cárcere. Além disso, serão oferecidas oficinas de escrita jornalística e práticas jurídicas para as participantes.
De acordo com dados do Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), entre os anos 2000 e 2016, a população carcerária feminina aumentou 656%, enquanto o crescimento masculino foi de 293%. Os números fazem do Brasil o quarto país que mais encarcera mulheres, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. Sabe-se ainda que apenas 20% das pessoas privadas de liberdade no país tem acesso às atividades educacionais.
O curso será ministrado por profissionais especializados em diversas áreas do conhecimento. No último encontro, as alunas poderão publicar materiais como contos, relatos, reportagens e outras produções escritas no blog do projeto. “O ponto central do curso é abrir as portas da universidade pública para as pessoas egressas do sistema prisional. Porque a universidade pública é de todos, para todos e ela só cumpre o seu objetivo enquanto tal quando estiver efetivamente acessível à todas e todos”, afirma Camila Nunes Dias, coordenadora do curso e professora da UFABC.
O objetivo dos encontros, que ocorrerão de forma virtual em decorrência da pandemia do coronavírus, é fornecer a essas mulheres, que passaram por privação de sua liberdade, informações que contribuam para o desenvolvimento de sua autonomia e emancipação. Ao final das aulas e oficinas, será realizado um Workshop que tem como propósito oferecer um espaço aberto para compartilhamento de experiências, a fim de que as participantes possam se expressar de diferentes formas e compreender o universo da punição por meio de suas trajetórias.
“A partir do curso, esperamos que seja possível o aprimoramento da narrativa e ou da escrita e também do acesso a conhecimentos acerca dos mecanismos jurídicos, que possibilitem que elas, na condição de sobreviventes do sistema prisional, busquem instituições e órgãos que ofereçam apoio no que diz respeito à regularização de documentos, a retirada de dúvidas sobre as multas pecuniárias, a regularização do título de eleitor”, explica Rosângela Teixeira, socióloga e doutoranda da UFABC e uma das docentes do curso.
O projeto de extensão é realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do ABC e pelo Seviju (Grupo de Pesquisa em Segurança, Violência e Justiça). A iniciativa conta também com o apoio de entidades como Libertas, Amparar, Nós Por Nós, Nova Rota Inclusão Pela Educação, Responsa, Recomeçar, Grupo de Pesquisa Resistências - Controle Social, Memória e Interseccionalidades, Programa de Pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais (PCHS), Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia e Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da Universidade Federal do ABC.
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