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Inscrições para o curso Educação Liberta começam nesta segunda-feira (23)

Curso para mulheres sobreviventes do sistema prisional e familiares de pessoas privadas de liberdade oferecerá aulas sobre punição, gênero, classe e raça. Além disso, serão ministradas oficinas jurídicas e de escrita


Equipe Educação Liberta


 

As inscrições para a segunda edição do curso Educação Liberta – Mulheres e Emancipação Social, projeto de extensão criado e oferecido por alunos, professores e pesquisadores da Universidade Federal do ABC, começam nesta segunda-feira (23). O curso tem como objetivo oferecer aulas sobre temas como punição, gênero, raça e classe para mulheres egressas do sistema prisional e para aquelas que têm familiares privados de liberdade. Além disso, também serão ministradas oficinas jurídicas, de escrita artística e jornalística.


O período de inscrições vai até o dia 19 de junho. A lista final de selecionadas será divulgada pelo site no dia 18 de julho. Serão 60 vagas e, nesta edição, os encontros serão presenciais no Campus da UFABC em Santo André (próximo estação Celso Daniel da CPTM - linha 10 turquesa).


"Essa iniciativa encurta distâncias e precisa ser encorajada para que chegue aonde precisa"

A aula inaugural ocorrerá no dia 6 de agosto e será ministrada pela professora, socióloga e coordenadora do curso Camila Nunes Dias. Com encontros quinzenais, a aula seguinte abordará formas de comunicação, as funções sociais do jornalismo e técnicas de escrita artísticas e jornalísticas com a jornalista e doutoranda da UFABC, Fabíola Perez Corrêa. Para debater feminismos e outros movimentos sociais, a professora e socióloga Alessandra Teixeira realizará um encontro sobre a mulher na sociedade, com foco na experiência feminina no cárcere.


"O curso foi uma experiência transformadora para nós, organizadoras e professoras. Provou aquilo que grandes mestres sempre falaram: a educação é um processo de mão de dupla, onde se ensina e se aprende ao mesmo tempo, sendo por isso mesmo uma experiência emancipadora. Que outras edições venham, e com elas mais aprendizados", disse Alessandra sobre a primeira edição do projeto.


A integrante da equipe executora desta edição do curso e mestranda da UFABC, Erica Carolina Rodrigues, que conheceu a experiência prisional por meio de familiares que passaram pelo cárcere, diz que o projeto precisa chegar a essa parcela da população. .“Tenho uma expectativa de aprendizagem que só a convivência entre realidades pode nos dar. Sou oriunda de uma família que tem muitas pessoas egressas. Desde pequena a realidade do cárcere me atravessa e o que eu mais quero é que essa experiência me atravesse também”, afirma.


“Quando a UFABC abre suas portas para pessoas tão vulneráveis, como egressas e familiares de pessoas privadas de liberdade, ela abre um portal de luz e esperança para mulheres que, assim como eu, possam ter imaginado o sonho de pisar na universidade como distante. Essa iniciativa encurta distâncias e precisa ser encorajada para que chegue aonde precisa", diz Erica, que também é Relações Públicas.


Na primeira edição do curso, temas relacionados ao cenário jurídico das mulheres no sistema prisional e de seus familiares foram objetos de intensos debates. Para explicar garantias e direitos fundamentais, os advogados Alice Quintela e David Pimentel apresentarão situações jurídicas comuns para quem possui vivências no cárcere.


Outro tema debatido na primeira edição do curso foi o racismo e suas relações com a população prisional. Nesta edição, a professora Regimeire Maciel discutirá qual a relação entre população negra e ambiente carcerário, bem como os impactos dessa relação para a sociedade. Além disso, uma vez que o curso é pensado a partir da perspectiva interseccional, haverá ainda uma aula de gênero, ministrada pela professora e socióloga Rosângela Teixeira, para abordar em que medida a punição afeta homens e mulheres e como ela ocorre historicamente no país.


“A primeira edição do curso foi uma experiência muito especial. Ainda em meio ao isolamento decorrente da pandemia, conseguimos construir um espaço de troca, aprendizado e emancipação para todas as participantes. Acredito que é só o começo e que estamos chegando para somar a essa rede transformadora de mulheres”, afirma Luiza Fernandes e Silva, internacionalista e integrante da equipe executora do curso.


"A primeira edição do curso foi uma experiência muito especial. Ainda em meio ao isolamento decorrente da pandemia, conseguimos construir um espaço de troca, aprendizado e emancipação para todas as participantes"

Nesta edição, o curso oferecerá uma nova oficina de autonomia econômica, com Bruna Vasconcellos, para contribuir para a emancipação financeira das mulheres que deixam o cárcere. Por fim, no workshop “Elas por elas” a equipe organizará um momento de trocas e compartilhamentos sobre aprendizados e experiências vividas durante o curso.




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