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Relatos realizados no curso

Alunas do curso Liberta

 

Nessa postagem serão apresentados diversos relatos produzidos pelas alunas ao longo de todo o curso


Relato 1: Cássia


A descriminação racial atravessa gerações. Ainda há evidências de ódio, egoísmo, violência e falta de respeito. A desigualdade racial está na injustificada diferenciações de garantia de direitos e na democratização de oportunidades. O que podemos fazer para mudar essa realidade? A luta antirracista precisa ser apoiada promovida por todos ,pois não existe desenvolvimento social, econômico e político se um indivíduo ou um grupo de pessoas for excluído. Desejamos caminhar juntos, valorizando as diversidades, apoiando e promovendo as ações de reparação histórica. Ao olharmos para nós, desejamos não encontrar resquícios dessas situações que ferem à dignidade humana.


Relato 2: Rosileide


De um mundo grande porém um tanto pouco explorado. Já estava eu no mundo pequeno com tanto informação e experiências jamais pensada e processada. O que um dia me causou espanto já não me causa mais e lá estava eu a mercê do sistema de toda pressão e repressão no canto daquele quadrado frio com pouquíssima luz, me adaptando aquela situação que até então achava passageira, tal qual uma passageira que dura cerca de uma noite em viagem a cidade de destino, e com a inocência de não saber que o trajeto duraria um ano e oito meses e que a cidade seria aquele lugar. E com a humildade do meu íntimo me adaptei a realidade cruel que fui jogada. Eu reeducanda, já educada por meus pais, fui apresentada a um mundo cheio de informação e experiências me apresentadas, não está dadas por meus pais mas eu incorruptível SOBREVIVI.


Relato 3: Stefany


O momento que considero importante na minha trajetória é perceber que mesmo através de diversos obstáculos, me mantenho resistente. Voltar no passado para mim, por vezes, é doloroso demais, porém também reconheço o aporte que tive e tenho nesse processo.

No dia 05 deste mês completou 2 e meio da prisão do meu pai, igualmente, é o mesmo período que consegui ingressar na faculdade. Ao falar disso, lembro-me do esforço dos meus pais para que nossa realidade fosse outra, a luta incessante de ambos para o acesso à espaços que jamais foram nos cedidos e sem a rede de apoio não conseguiria. Sou filha de pedreiro e diarista, por mais que meu pai está dentro do sistema carcerário, só escancara as falhas dos recursos e outras possibilidades de projeto de vida, sobre os encantamentos e glamour que o tráfico apresenta como único recurso disponível e que, infelizmente, ele cedeu. A memória mais marcante da minha vida é ter passado na faculdade e não poder ter a presença dele ali, pois o maior sonho dele era ver os filhos na faculdade, claro, quando soube ele ficou muito feliz.

Durante a aula uma das alunas relatou a importância que as cartas representam para a interlocução entre o preso e a família, e realmente, é a forma que transparece, de ser escutado, visualizado através do relato. As lutas e resistências que ele enfrenta lá dentro e as nossas aqui fora, nos torna inteiros, fortalecidos para ser resiliência às circunstâncias.

Tenho muita dificuldade de escrita, da forma de estruturar, ainda mais quando é sobre mim, vivências familiares e de afeto. É um exercício diário. Acredito que para ele também, pois o meu pai sempre teve dificuldade de se expressar, de demonstrar afeto e, hoje, uma das poucas formas de manter esse vínculo familiar, mesmo com a fragilização devido a distância, impedimento e até mesmo da censura que ocorre lá dentro.

Atualmente, curso Serviço Social e sou orientadora social no CRAS do meu município. O território onde trabalho é muito vulnerável, de uma realidade muito dura e cruel, com casos alarmantes de aliciamento de crianças e adolescentes ao tráfico e uso abusivo de álcool e drogas; de meninas muito sexualizadas precocemente. Essa semana, durante as dinâmicas construídas em grupo, percebi o quão importante é trabalhar no preventivo, trabalhando sobre projetos de vidas, pois para muitos é uma realidade posta, o único acesso (no entendimento deles) é o tráfico, por ser rentável, atrativo e glamuroso. Eu percebo hoje que durante minha trajetória sou fruto de ações coletivas, de programas sociais, de pessoas que acreditaram em mim. Tive uma rede de apoio durante a minha trajetória, sobretudo, sobre meus pais.


Relato 4: Edma


Só quem já passou ou passa por um relacionamento abusivo sabe a dor de não poder ser a sua própria essência e viver as suas próprias escolhas. Não é simplesmente o "não viver", mas morrer lentamente diariamente. Não é apenas camuflar a dor, mas sorrir as lágrimas internas. É como enxergar a luz no fim do túnel, mas não ter forças para chegar até lá, abrir a porta e se libertar. Não é tão fácil como pensam e como romantizam por ai. Se libertar de um relacionamento abusivo é luta diária e constante. Existe uma corrente. Existe um cadeado. A chave as vezes está do nosso lado, mas precisamos de ajuda para abrir o cadeado e nos libertarmos das correntes.


Ps: Eu superei um relacionamento abusivo!


Relato 5: Elani


Em nosso país as políticas para mulheres ainda se encontra com uma imensa defasagem, pois entre o papel e a execução há uma longa distância.

As mulheres que estão ou estiveram em um relacionamento abusivo muitas vezes não encontram apoio familiar, policial e principalmente federal.

Vou contar um pequeno relato de algo que aconteceu comigo.

" Em mais uma das brigas com agressões fui até a delegacia para fazer o boletim de ocorrência. Ao chegar fiquei aguardando mais de uma hora e após fui ouvida por um policial acompanhado do escrevente.

Que me ofereceu o abrigo para mulheres mas não passou mais informações, e a medida protetiva. A qual ele frisou a seguinte frase: olha a senhora pode até ter a medida mas não vai ter uma viatura 24 horas para te proteger.

Como eu sabia um pouco sobre o abrigo eu não quis ir na quando ele me disse sobre a questão da medida e o pouco caso referente aquela situação eu não quis falar mais nada.

Então após um tempo eu participei de uma palestra a qual a delegada responsável por uma delegacia de mulheres participou também. Questionei sobre as vítimas serem atendidas por policiais despreparados. Ela informou que nem sempre estava na delegacia devido os demais compromissos " isso foi o meu entendimento sobre a fala dela".

A vítima em sua situação fica sozinha quando consegue fazer um boletim de ocorrência a própria polícia esnoba a situação, constrangendo a agredida.

É ofertado a medida mas quem deve sair do bairro, mudar de vida?

A mulher vítima da agressão e o agressor continua com a sua vida intacta.

A mulher tem que sair do seu convívio familiar, tirar seus filhos da rotina habitual e se habituar a uma nova realidade.

São tantas falhas neste caminho que mulheres vítimas de violência percorrem por isso o índice de feminicidio cresce.

Deixo aqui uma pequena escrita.


Relato 6: Cássia


A situação do sistema prisional brasileiro e o total descaso dos nossos governantes tem contribuído de forma significativa para a transformação das penitenciárias brasileiras em verdadeiras "escolas do crime". A grande maioria não tiveram ao longo de suas vidas principalmente a chance de estudar para garantir um futuro melhor somente a educação perto para um futuro promissor.


Relato 7: Roselene


Eu só quero dizer pra vocês que sofri muito na minha infância. Perdi meus pais tinha 6 anos. Ai meu tio pega a guarda minha e da minha irmã. Comecei a trabalhar com 10 anos de idade porque não podia ficar em casa que quando meu tio bebia me batia muito ai fui pra rua e ai conheci uma amiga que meu deu um teto pra eu morar. Morei 3 anos na casa dela, e aí conheci um rapaz engravidei, fui mãe solteira. Mais graças a Deus venci na vida isso só é um pouco da minha vida.


*todos os relatos foram mantidos na íntegra respeitando a forma de expressão de cada aluna



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